terça-feira, 23 de outubro de 2012

Livro enquanto objecto, por El Lissitzky



THE ELECTRO-LIBRARY (1923) é uma espécie de reflecção, de El Lissitsky, sobre o livro enquanto objecto susceptível à passagem do tempo, e com este da evolução e do progresso.

1. The words on the printed surface are taken in by seeing, not by hearing.
2. One communicates meanings through the convention of words; meaning attains form through letters.
3. Economy of expression: optics not phonetics.
4. The design of the book-space, set according to the constraints of printing mechanics, must correspond to the tensions and pressures of content.
5. The design of the book-space using process blocks which issue from the new optics. The supernatural reality of the perfected eye.
6. The continuous sequence of pages: the bioscopic book.
7. The new book demands the new writer. Inkpot and quill-pen are dead.
8. The printed surface transcends space and time. The printed surface, the infinity of books, must be transcended.

Esta ideia é de novo explorada no texto, Our Book, de 1926, onde El Lissitzky se questiona sobre no que se deverá transformar o livro contemporâneo. Se ao longo do tempo o livro sofreu modificações também agora ele deverá tomar uma nova forma, capaz de expressar o tempo em que é produzido e a sociedade para quem é feito.
Lissitzky escreveu em Unovis: “Gutenberg bible was printed with letters only; but the Bible of our time cannot be just presented in letter alone. The book finds its channel to the brain through the eye, not through the ear; in this channel the waves rush through with much greater speed and pressure than in the acoustic channel. One can speak out only through the mouth, nut the book’s facilities for expression take many more forms.”
Mais á frente afirma: “Yet, in this presente day and age we still have no new shape for the book as a body; it continues to be a cover with a jacket, and a spine, and pages 1,2,3…Perhaps the new work in the inside of the book is not yet ate the stage of exploding the traditional book-form, but we should have learned by now to recognize the tendency.
…The book is becoming the most monumental work of art: no longer is it something caressed only by the delicate hands of a few bibliophiles; on the contrary, it is already being grasped by hundreds of thousands of poor people.”

O livro não é mais considerado uma obra de arte, pelo menos não pela maior parte das pessoas. Ainda hoje, nos questionamos sobre a questão do livro, ou melhor do seu aspecto físico. Dificilmente, alguém negará que o livro, enquanto objecto físico, está a viver os seus últimos anos, em breve será um objecto digital, pertencente a todo o mundo virtual e imaterial das tecnologias. Em breve, a “coisa” que é o livro deixará as prateleiras das nossas casas e a confusão das nossas malas, para ser uma relíquia digna de museu, e aí então, o mais banal dos livros será de novo encarado como uma obra de arte, pelas mesmas pessoas que antes o consideravam como dado adquirido e banal.

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